A Roda do Ano


O Paganismo como um todo sempre buscou a sincronia com o universo que nos cerca, por este motivo muitas culturas possuíam celebrações que marcavam as passagens das estações e de outros fenômenos naturais considerados importantes para eles.

Com o advindo principalmente da Wicca, uma das rodas mais difundidas nos dias atuais é a Celta, sendo esta composta por oito celebrações denominadas Sabbaths (Sabás ou Sabats). Estas festividades visam a harmonia com a natureza, levando em consideração as estações do ano como equinócios e solstícios, além ainda da celebração dos mitos relacionados a Deusa e do Deus, que remontam às épocas das colheitas e fertilidade da terra.

Os festivais descrevem o Caminho do Sol durante o ano, representando as várias faces do Deus, seu nascimento, crescimento, união com a Deusa, e finalmente seu declínio e morte. Da mesma forma que o Sol nasce e se põe todos os dias, e da mesma forma que a Primavera faz a Terra renascer após o Inverno, o Deus nos ensina que a Morte é apenas um ponto no Ciclo Infinito de nossa evolução, para podermos renascer.

Estas celebrações são subdivididas em dois termos, os chamados Sabás Maiores e Sabás Menores, sendo os primeiros relacionados aos ciclos e mistérios da vida e os segundos as estações do ano.

Os Sabás Maiores, são conhecidos como Candlemas ou Imbolc, May Eve ou Beltane, Lammas ou Lughnasadh, e o Samhain (pronuncia-se Sou-ên) conhecido mundialmente como Halloween. E os Sabás maiores são conhecidos como Yule ou Solstício de Inverno, Ostara ou Equinócio de Primavera, Litha ou Solstício de Verão e por fim Mabon ou Equinócio de Outono.



31 de Outubro (Hemisfério Norte) e 1° de Maio (Hemisfério Sul)

Este Festival marca o ano novo celta, assim como o início de uma nova Roda do Ano. Samhain, o festival dos mortos, foi cristianizado como Halloween. Essa é uma época de meditação e reflexão, sobre os ciclos da natureza, da vida e da morte. Época de nos conectarmos com a energia dos nossos antepassados e de todos aqueles espíritos e seres que nos auxiliaram em nossa caminhada, pois é uma época em que, segundo a cultura pagã, o “véu entre os mundos” se torna mais tênue.

Antigamente as pessoas colocavam essas abóboras nas janelas para espantar os maus Espíritos e os Duendes que vagavam pelas noite de Samhain. Essa palavra, significa ‘Sem Luz”, pois nessa noite o Deus morreu e o mundo mergulha na escuridão. A Deusa vai ao Mundo das Sombras em busca de seu amado, que está esperando para nascer. Eles se amam, e, desse amor, a semente da Luz espera no Útero da Mãe, para renascer no próximo Solstício de Inverno como a Criança da Promessa.

Samhain é um excelente momento para divinação, tendo em vista que os véus entre os mundos estão mais tênues. Nesta noite tente jogar seu oráculo (tarot, runas, búzios, etc), e peça auxílio aos seus ancestrais para as questões que você não consegue ver um desfecho.

– Correspondências: final e começo de ciclo, e dia dos mortos.
– Símbolos: abóboras, fantasmas, maçãs, romãs, nozes e avelãs.
– Incensos: mirra, alecrim, sálvia, carvalho ou cedro.
– Cores: preto e laranja.
– Alimentos: cidra, vinho quente, chá preto, carnes, pães e bolos de frutas.



21 de Dezembro (Hemisfério Norte) e 21 de Junho (Hemisfério Sul)

Yule é a época do Solstício de Inverno, quando a Criança do Sol renasce, sendo ela a imagem do retorno de toda nova vida através do amor dos Deuses.

No Solstício de Inverno os poderes da noite e as energias da terra atingem seu ápice. Até aqui as noites se tornaram mais longas que o dia e o inverno, por fim, se estabeleceu. A partir de Yule o Sol crescerá, anunciando o aumento da luz prometida, os dias que se seguirão terão mais força até alcançar seu ápice em Litha.

É desta data antiga que se originou o Natal Cristão. Nessa época a Deusa dá à Luz o Deus, que é reverenciado como Criança Prometida. Em Yule é tempo de reencontrarmos nossas esperanças, pedindo para que os Deuses rejuvenesçam nossos corações e nos dêem forças para nos libertarmos das coisas antigas e desgastadas. É hora de descobrirmos a criança dentro de nós e renascermos com sua pureza e alegria.

Ornamente seu altar com folhas de figueira, azevinho ou carvalho, assim como o pinheiro que simboliza a renovação e o crescimento, além de elementos que lembrem o inverno. Acenda algumas velas, para simbolizar o Sol e elevar os ânimos. Honre a Mãe Terra e o renascimento do poder solar, como a esperança do retorno da luz.

– Correspondências: natal cristão, renascimento do sol e a dança espiral da renovação.
– Símbolos: pinhas, galhos e folhas verdes.
– Incensos: louro, mirra, carvalho ou alecrim.
– Cores: verde, vermelho, dourado e branco.
– Alimentos: cidra, hidromel, vinho quente e frio, uvas, maçãs, sopas, pães e bolos de frutas.



2 de Fevereiro (Hemisfério Norte) e 1º de Agosto (Hemisfério Sul)

Imbolc, também chamado Oilmec e Candlemas (“Candelária”), celebra o despertar da terra e o crescente poder do Sol. A Deusa é venerada em seu aspecto de Virgem da Luz. É a festa da lactação, da bênção aos recém-nascidos, pois a Deusa amamenta o Deus renascido na forma de seu filho.

Candlemas é o Festival do Fogo que celebra a chegada da Primavera. O aspecto invocado da Deusa nesse Sabbat é o de Brigit, a deusa celta do fogo, da sabedoria, da poesia e das fontes sagradas. Ela também é deidade associada à profecia, à divinação e à cura.

Nesta noite faça poesias, ou cante em homenagem à Deusa Brigit. Queime pedidos ou agradecimentos na Fogueira ou no Caldeirão. O Deus está crescendo e se tornando mais forte para trazer Luz de volta ao Mundo. É hora de pedirmos proteção para todos os jovens, em especial para os de nossa família. Devemos mentalizar que o Deus está conservando sempre viva dentro de nós a chama da saúde, de coragem, da ousadia e da juventude.

– Correspondências: primeiros sinais da primavera, festival das luzes e de Brigit.
– Símbolos: flores frescas, cruz de Brigit, caldeirão com água.
– Incensos: sândalo, limão, sangue-de-dragão e baunilha.
– Cores: vermelho, laranja e branco.
– Alimentos: creme azedo, cerveja, chás, pães e comidas à base de leite.



21 de Março (Hemisfério Norte) e 21 de Setembro (Hemisfério Sul).

Agora noite e dia são iguais. Em Ostara o Sol aumenta em poder e a terra começa a florescer. Na época do equinócio de primavera, os poderes da fase de armazenamento do ano são iguais aos da escuridão do inverno e da morte. Para muitos pagãos, o jovem Deus, com seu chamado de caça, mostra o caminho com dança e celebração. Outros dedicam essa época do ano a Eostre, a Deusa anglo-saxã da fertilidade e deste festival originou-se a Páscoa ou Easter em inglês.

Uma das principais tradições desse festival é a decoração de ovos. O ovo representa a fertilidade da Deusa e do Deus. Outra tradição muito antiga é a de esconder os ovos e depois achá-los. (Talvez veio daí o costume de esconderem os ovos de chocolate no dia da Páscoa para que as crianças os achem).

Nessa época coloque ovos pintados no seu altar, simbolizando a fecundidade dos sonhos e o renascer das esperanças. Os ovos podem ser pintados crus ou cozidos, com símbolos que representem os seus desejos, e depois enterrados ou comidos, enquanto mentalizamos nossos pedidos e desejos germinando.

– Correspondências: tempo de floração e celebração da páscoa.
– Símbolos: ovos pintados e flores coloridas.
– Incensos: hortelã, jasmim, flor do campo e morango.
– Cores: amarelo, verde e branco.
– Alimentos: vinho branco, chá de flores, saladas, bolos, ovos, leite, doces e frutas.



1º de Maio (Hemisfério Norte) e 31 de Outubro (Hemisfério Sul)

Os poderes da luz e da nova vida agora dançam e movem-se através de toda a criação. A Roda continua a girar. A primavera dá lugar à primeira floração plena do Verão e os Pagãos celebram Beltane com a dança da fita no Maypole, simbolizando o Sagrado Casamento entre Deusa e Deus.

Beltane é o mais alegre e festivo de todos os Sabás. O Deus, que agora é um jovem no auge de sua fertilidade, se apaixona pela Deusa, que em Beltane, se apresenta como a Virgem e é chamada “Rainha de Maio”. Em Beltane, se comemora esse amor que deu origem à todas as coisas do Universo. Beleno, é a face radiante do Sol, que voltou ao mundo na primavera.

Durante o Festival, eram acesas fogueiras nos topos dos montes e lugares considerados sagrados, sendo um ritual importante nas terras Celtas. E como tradição, as pessoas queimavam oferendas como para que o poder do fogo fosse passado ao rebanho e, pulavam as fogueiras para que se enchessem das mesmas energias poderosas.

Essa é uma época excelente para se fazer encantamentos de cura, amor e prosperidade, além de colher o orvalho no amanhecer de Beltane para lavar o rosto e, com isso receber, suas bênçãos de beleza e juventude.

– Correspondências: festival da fertilidade, da purificação e da renovação através do fogo.
– Símbolos: cor vermelha e branca, flores vermelhas, folhas verdes e guirlandas coloridas.
– Incensos: patchouli, almíscar, angélica e olíbano.
– Cores: vermelho e verde.
– Alimentos: vinho tinto, sucos, alimentos derivados do leite como sorvete de baunilha, pães e bolos de aveia ou frutas vermelhas.



21 de Junho (Hemisfério Norte) e 21 de Dezembro (Hemisfério Sul).

Litha ou Solstício de Verão. O Deus em seu aspecto de luz está no auge de seu poder e é coroado como o Senhor da Luz. É uma época de fartura e celebração.

Após a união da Deusa e do Deus em Beltane, O Deus está adulto, um homem formado, e tornou-se pai – dos grãos. Em sua plenitude, ele traz o calor do verão e a promessa total de fertilização com o sucesso do enlace feito com a Deusa. Sendo o auge do Deus, também prenuncia o seu declínio, nesse momento o Deus, após cumprir a sua função de fertilizador, dá seu último beijo em sua amada e caminha ao país do Verão (Outro Mundo), utilizando o Barco da Morte para morrer em Samhain. Em algumas tradições festeja-se a despedida do reinado do Deus do Carvalho (Senhor do Ano Crescente) e o início do reinado do Deus do Azevinho (Senhor do Ano Decrescente) que durará até Yule.

Nesse dia os amuletos do ano anterior são queimados e novos talismãs de proteção, poções para sonhos proféticos e filtros são feitos para aproveitar o grande momento de poder.

Os antigos Povos da Europa acreditam que, nessa noite, criaturas mágicas andam correndo pelos campos e florestas e poderiam facilmente ser vistos e contatados. Aproveite esse ritual para fazer oferendas e comunicar-se com o “Povo das Fadas”, pedindo-lhes conhecimento, inspiração e sabedoria. Enfeite seu altar com girassóis, frutas frescas e ervas secas como: lavanda, camomila, verbena ou qualquer erva específica do meio de verão.

– Correspondências: O Homem Verde, a noite das fadas e da magia.
– Símbolos: flores de girassol, rodas com fitas coloridas e símbolos solares.
– Incensos: alecrim, louro ou canela.
– Cores: amarela, laranja e azul.
– Alimentos: vinho tinto, sucos cítricos, pães, frutas e hidromel.



1º de Agosto (Hemisfério Norte) e 2 de Fevereiro (Hemisfério Sul)

Lammas, também chamado Lughnasadh (Lunasá), é o tempo da colheita do trigo, quando os Pagãos colhem o que plantaram, quando celebram os frutos do mistério da Natureza. Em Lammas, os Pagãos dão graças pela generosidade da Deusa em seu aspecto de Rainha da Terra. As noites já começaram a ficar mais longas, desde o Solstício de Verão; aproximando-se a época da partida do Deus para a Terra do Verão, deixando a sua própria semente no ventre da Deusa, de onde renascerá (mantendo o eterno ciclo do nascer-morrer-renascer).

Lughnasad era tipicamente uma festa agrícola, onde se agradecia pela primeira colheita do ano. Lugh é o Deus Sol, na Mitologia Celta, ele é o maior dos guerreiros, que derrotou os Gigantes, que exigiam Sacrifícios Humanos do povo. A tradição pede que sejam feitos bonecos com espigas de milho ou ramos de trigo representando os Deuses, que nesse festival são chamados de Senhor e Senhora do Milho. Lammas, que significa “A Massa de Lugh” deve-se ao costume de se colher os primeiros grãos e fazer um pão comunitário, que deve ser consagrado junto com o vinho e repartido entre os entes queridos.

Mesmo não plantando e nem colhendo mais o nosso alimento, lembre-se que tudo foi semeado e produzido nos campos e na terra. Então, agradeça sempre aos Deuses pela fartura e abundância de nossas vidas. Neste festival, enfeite seu altar com sementes, ramos de trigo, espigas de milho e frutas da época.

– Correspondências: o ciclo das colheitas e dia de ação de graças.
– Símbolos: pães de cereais e bonecos de espiga.
– Incensos: camomila, sândalo ou alecrim.
– Cores: vermelho, amarelo e laranja
– Alimentos: vinho tinto ou suco de frutas, cerveja, pães, bolos e milho e outros cereais.



21 de Setembro (Hemisfério Norte) e 21 de Março (Hemisfério Sul)

Em Mabon (pronuncia-se Mêibon) ou Equinócio de Outono, dia e noite tornam-se iguais novamente. À medida que as sombras aumentam, os pagãos vêem as faces mais sombrias do Deus e da Deusa. Em breve o Deus já enfraquecido fará sua jornada à Terra do Verão.

O nome Mabon veio de um deus Celta (também conhecido como Angus), o Deus do Amor. Esta é a ocasião ideal para pedirmos por todos aqueles que amamos, além de todos os que estão doentes ou velhos que precisam de nossa ajuda e conforto. Também é nesse Festival que homenageamos as nossas Antepassadas Femininas, queimando papéis com seus nomes no Caldeirão e lhes dirigindo palavras de gratidão e bênçãos!

Fase ideal para cura, harmonia, amor e proteção às pessoas amadas. Aproveite a energia deste ritual para colher sementes e folhas secas, refletindo sobre a colheita recebida, durante o ápice do outono. Enfeite seu altar com os grãos e sementes que sobraram da primeira colheita, milho, abóboras, maçãs e outros frutos do outono. E, agradeça mais uma vez à Mãe Terra, pelas bênçãos recebidas durante a sua colheita pessoal.

– Correspondências: resultado das colheitas, preparar-se para o inverno e despedir-se do verão.
– Símbolos: grãos, sementes e folhas secas.
– Incensos: benjoim, lavanda ou sálvia.
– Cores: laranja e marrom.
– Alimentos: vinho branco ou suco de frutas, cerveja, pães de cereais e bolos.


Espero que tenham gostado do post, e que tenha conseguido ajudá-los a entender e conhecer um pouco mais sobre a Roda do Ano.

Mas não esqueça, existem ainda muitas outras rodas e formas de celebrar e se harmonizar com a Natureza, desde rodas egípcias as que se adequam a uma deidade específica, o negócio é estudar sempre e ajustar os conhecimentos ao o que você se identificar melhor.


Bênçãos dos Deuses a todos e até a próxima! :)


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